Puericultura & Enfermagem

Érika Cristina J. Guimarães Paixão*

A puericultura tem origem na França, em fins do século XVIII e foi definida como um conjunto de regras e noções sobre a arte de criar fisiológica e higienicamente as crianças (ROCHA, 1987). Hoje seu conceito foi aperfeiçoado: Puericultura também pode ser chamada de Pediatria Preventiva e tem como objeto a criança sadia e seu alvo é um "adulto perfeito": fisicamente sadio, psiquicamente equilibrado e socialmente útil (ROCHA,1990).

A essência continua a mesma e com base nisto foi estabelecido um programa de assistência à criança. Este consiste no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança em seus primeiros anos de vida, embasando-se em um corpo conceitual traduzido por normas e regras a serem preceituadas às mães. Trata-se de uma assistência individulizada, cuja prioridade é o bem-estar da criança em função das condições de vida de sua família e sociedade onde está inserida.

Infelizmente, a base deste programa está sendo interpretada de maneira equivocada ou simplesmente é desconhecida. A criança não está sendo vista como um ser integrado a uma família e comunidade. É avaliada isoladamente ao seu ambiente, priorizando-se patologias e disfunções.

A assistência, no programa de puericultura da rede básica de saúde, é prestada mensalmente, sendo intercaladas consultas com pediatra e enfermagem (em alguns serviços públicos pela auxiliar), que restringem-se a medir, pesar, fornecimento de noções sobre higiene corporal e vestuários, além de um exame físico incompleto. Enfim, é um serviço médico precário, com características de assistencialismo e paternalismo. Em contrapartida, para segmentos privilegiados da população, temos uma assistência médica sofisticada, onde a criança é acompanhada durante seu desenvolvimento e não apenas durante moléstias episódicas (ROCHA,1990).

O Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC) tem como princípios que a assistência à criança precisa ser uma ação multiprofissional e que o Centro de Saúde seja a unidade básica e de referência para a assistência à criança. O PAISC estabeleceu como diretrizes e objetivos:

  • desenvolver ações que favoreçam o crescimento, o desenvolvimento e a qualidade de vida da criança;.
  • diminuir a mortalidade infantil;
  • proporcionar atendimento rotineiro, periódico e contínuo;;
  • acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento das crianças;
  • incentivar e apoiar o aleitamento materno;
  • orientar a alimentação;
  • garantir níveis de cobertura vacinal de acordo com as normas técnicas do Ministério de Saúde e Secretaria Estadual de Saúde;
  • identificar precocemente os processos patológicos;
  • favorecendo o diagnóstico e tratamento oportunos;
  • promover a vigilância de situações de riscos específicos: desnutrição, recém- nascidos de risco, problemas visuais e outras que venham a ser propostas;
  • propiciar um processo de integração equipe de saúde - comunidade (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 1996).

Com base nas propostas do PAISC, utilizo este momento para chamar a atenção dos Enfermeiros do maravilhoso mundo o qual somos preparados para atingi-lo e o deixamos de lado. Esta função, assistência integral e direta, é nossa, temos capacidade para desenvolver um serviço de puericultura adequado. Não esqueçam qual é a essência de nossa profissão: o cuidar. Gerência, supervisão e administração, não são as únicas funções do Enfermeiro. Muitas destas atribuições burocráticas que tomam tanto tempo dos Enfermeiros podem ser atribuídas a um outro funcionário bem treinado.

Já a inspeção, palpação, percussão, ausculta e exames complementares são métodos utilizados pela propedêutica. Entende-se que propedêutica (pró=antes + "poideuticos"=estudo), ciência(1) e arte(2) de examinar doentes com a finalidade de prestar-lhes socorro, seja um privilégio do profissional Enfermeiro, por fazer parte de sua formação acadêmica.

(1)Ciência: porque se compõe de um conjunto de conhecimentos ordenados referentes ao doente.
(2)Arte: porque depende da capacidade individual de bem desempenhar as funções de observação.


*Bolsista de iniciação científica da FAPESP


Referências Bibliográficas

ROCHA, S.M.M. O Processo de Trabalho em Saúde e a Enfermagem Pediátrica: socialidade e historicidade do conhecimento (Tese apresentada a Esc. Enf.-USP para concurso de livre-docência) Ribeirão Preto, 1990.

ROCHA, S.M.M. Puericultura e Enfermagem São Paulo: Cortez, 1987.

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE Manual da Criança Campinas, 1996.


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