GESTÃO COLEGIADA EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE (UBS) DE CAMPINAS-SP 
Entrevista realizada com a enfermeira Márcia Amaral, coordenadora do Centro de Saúde (CS)  Costa e Silva

O Sistema Único de Saúde (SUS), por ter apenas diretrizes, permite uma grande flexibilidade administrativa nas unidades de saúde, favorecendo a realização das mais diversas atividades, desde que o objetivo central seja a melhoria na qualidade de saúde da população. A gestão colegiada é uma forma de democratizar o conhecimento e agilizar a resolução de problemas, apoiando a organização e avaliação do serviço. Ela também recebe o nome de gerenciamento matricial.  

Segundo Márcia Amaral, a gestão colegiada no CS Costa e Silva surgiu aproximadamente em 1998, no entanto, os membros eram escolhidos pela supervisão do distrito. Cerca de um ano após, a unidade começou a eleger seus membros para a gestão colegiada. Uma das funções do colegiado é assessorar a coordenadoria da UBS, discutindo como resolver os problemas existentes e como melhorar a qualidade de atendimento à população, formando agentes transformadores da prática de atenção à saúde.  

Assim como a maioria das UBS, o CS Costa e Silva é dividido em áreas da saúde da mulher, saúde da criança, saúde do adulto, saúde mental, saúde bucal e vigilância à saúde. Cada uma destas áreas tem um representante, que é um membro do colegiado.  

Antes da escolha dos representantes das áreas, foi feito um trabalho educativo com os funcionários, sendo discutido conceito de trabalho em equipe, participação, democracia, entre outros temas. Após esta etapa inicial, as áreas foram definindo as pessoas que iriam representá-las. Márcia Amaral cita, por exemplo, que dentro da área de saúde da mulher, os ginecologistas, os auxiliares de enfermagem e a enfermeira se reúnem uma vez ao mês para discutirem as necessidades da área.  

As funções dos representantes de área são: ser um elo de comunicação entre a área e o coordenador; levar e trazer propostas e discussões de sua área para o colegiado e vice-versa; participar do colegiado de áreas com o coordenador da unidade. 

A representação do colegiado do CS Costa e Silva conta com um representante dos agentes da dengue, um representante da equipe de enfermagem e um representante de cada área de atendimento (saúde da mulher, saúde bucal etc). O representante da área não precisa ser necessariamente o médico, pode ser o auxiliar de enfermagem, o enfermeiro, o dentista, o psicólogo etc, ou seja, a pessoa escolhida pela área. 

Os problemas discutidos entre os membros do colegiado, são levantados dentro das áreas; porém, afirma Márcia Amaral, muitos deles já são resolvidos nas reuniões das áreas, que ocorrem uma vez por mês (dependendo da necessidade, ocorrem quinzenalmente). As reuniões do colegiado são conduzidas por uma pauta, que é elaborada pela coordenadora, que recebe as informações dos membros das áreas. Atualmente uma parte das reuniões está sendo utilizada para capacitação da equipe, como criação e discussão de protocolos; a outra parte fica para a discussão de problemas. Ela cita que a última reunião foi direcionada para o reforço das áreas, porque o papel de representatividade dos membros do colegiado não estava sendo satisfatório. Foi decidido que os representantes ficariam no cargo por um período de um ano, sendo substituídos por eleição direta. 

O bom funcionamento do gerenciamento matricial também dependerá do cuidado que o coordenador tem em não deixar que ocorra competitividade entre as áreas, pois a proposta da gestão colegiada é de estimular a integração e não a secção das áreas. 

Nas reuniões são discutidos problemas comuns, como por exemplo a dificuldade de realizarem exame epidemiológico nas escolas; a partir daí a equipe estuda soluções para o problema. Outros exemplos citados foram a criação de um programa para adolescentes, atividade que não existia, e o aperfeiçoamento do atendimento odontológico para bebês. 

Pretende-se criar protocolos para atender as principais queixas dos idosos, como as dores e as doenças crônico-degenerativas. Vem se discutindo a questão da humanização do atendimento e do serviço de saúde, do vínculo das pessoas com a equipe de saúde e a abordagem das necessidades individuais e coletivas. Estas idéias são trazidas para discussão não somente pelas áreas, mas também pelo atuante Conselho Local de Saúde (CLS), responsável pelo controle social. Nele seus membros são eleitos pela comunidade, pelos funcionários da UBS e pela coordenação da unidade.  

Segundo a coordenadora Márcia Amaral, a implantação deste modelo de gestão ainda é recente, não permitindo uma avaliação mais profunda. Entretanto, acrescenta que houve muitos progressos, como foi o caso da democratização do saber e da discussão dos problemas coletivamente.  


Contato:  
Centro de Saúde Costa e Silva 
Fone (0xx19)208-1018  
Rua Joaquim Manoel de Macedo, sn  
Jardim Santa Genebra - Campinas - São Paulo - Brasil 
CEP13.080-470 


Laerte Peres: aluno de graduação em Enfermagem na Unicamp e bolsista de Iniciação Científica da FAPESP 
ORIENTADORA: Profª Drª Maria Helena Baena de Moraes Lopes 
CO-ORIENTADORA: Profª Drª Márcia Regina Nozawa  


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