O sistema de alojamento conjunto surgiu pela necessidade de favorecer o relacionamento favorável entre mãe e o RN. O RN é colocado junto de sua mãe assim que possível tendo com o objetivo de estímulo ao aleitamento materno. Este contanto já nos primeiros horas após o parto propicia uma séries de vantagens, dentre elas, maior interação entre mãe e RN, e capacitação da mãe em relação ao cuidados com o seu bebê. Mãe e filho devem estar em ótimas condições de saúde para serem admitidos no Alojamento Conjunto.
Para se estabelecer o aleitamento materno é preciso que o RN apresente condições para tal, o que não ocorre com o prematuro e a separação mãe-filho se estabelece. No entanto o grupo dos prematuros é o que precisa mais de aleitamento materno visto a grande importância deste na prevenção da sua morbi-mortalidade. Por outro lado, esta situação gera na mãe e na família grande ansiedade provocada pela dúvida de sua capacidade de cuidar e amamentar seu filho.
Em 1989, Dr.Fachinni idealizou o Alojamento Conjunto para RN prematuros no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), baseando-se no modelo argentino, que foi adaptado e colocado em prática pela a equipe de enfermagem e médica do Serviço de Neonatologia do CAISM. Diante desta situação foi criado um sistema de Alojamento Conjunto para a fase de pré-alta, denominado Alojamento Conjunto Tardio (ACT).
OBJETIVOS DO ACT
Durante todo o período de reinternação da mãe, as condições sociais, físicas, e emocionais deverão ser avaliadas e encaminhadas para que a mesma possa permanecer no ACT antes da alta do RN.
ETAPAS DO PROCESSO DE INTERNAÇÃO NO ACT
FASE PREPARATÓRIA:
Entrevistar com a mãe no puerpério imediato,
preenchendo a ficha de entrevista inicial. Expor a
rotina da Neonatologia quanto à visita, registro e internação
do RN. Explicar a importância do aleitamento
materno e a manutenção da lactação.
Expor as técnicas de extração de leite.
Expor o funcionamento do ACT. Explicar
as condições de saúde do RN. Responder
e esclarecer as dúvidas da mãe.
FASE INTERMEDIÁRIA:
Corresponde ao período de internação
do RN. É o momento de maior atuação de enfermagem
junto à mulher para a manutenção da lactação.
Realizar a extração manual do leite. Orientar
e supervisionar a freqüência e quantidade de leite produzido.
Orientar quanto a: extração, armazenagem e transporte
do leite materno do domicílio até o hospital.
Avaliando a experiência ao longo dos últimos anos, dados levantados em várias ocasiões, mostram que este serviço tem um índice elevado (cerca de 80%) de aleitamento materno exclusivo no momento da alta.
Com o sistema ACT o alcance dessa meta é facilitado tendo em vista as características e a natureza da relação de ajuda entre profissionais e cliente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ACT
Citando algumas dificuldades que foram vivenciadas, mas que podem ser superadas com alguns ajustes:
Para sanar tais dificuldade tem sido de suma importância o trabalho com a equipe multidisciplinar, na medida em que as necessidades básicas do binômio possam ser atendidas de forma satisfatória.
Mesmo assim, o enfermeiro tem o desafio de integrar todos os esforço, no alcance dos objetivos do programa, tendo como ponto central de sua atuação a prática educativa.
Voltando aos objetivos propostos, foi observado também que, houve uma melhor integração do binômio mãe-filho, devido ao período de reinternação em que a mãe aprende cuidar do seu RN, aumentando o laço afetivo, sendo que anteriormente o contato não era contínuo e no momento de alta o binômio mãe-filho teriam que se adaptar após o longo período de afastamento.
É necessário, então, haver um comprometimento não apenas da enfermagem do Alojamento Conjunto Tardio, mas de todos os demais profissionais que tiveram algum contato com a mãe e o RN, informar e incentivar a participação nos cuidados com RN e esclarecer dúvidas existentes no horário de visita e, incentivar o relacionamento pai-mãe-filho.
ADMISSÃO NO ACT:
- É o momento que a mãe retorna para cuidar do seu RN.
- Durante a permanência no ACT, todos os cuidados com RN devem ser desempenhados pela própria mãe, com orientação e supervisão da enfermeira.
- Fazer a admissão, mostrar as dependência e localização dos materiais para utilização durante o período de permanência.
- Explicar o preenchimento do impresso de controle e cuidado do RN.
- Ensinar e supervisionar a mãe quanto as técnicas de banho, controle de temperatura, administração de medicamentos.
- Orientar e supervisionar a instalação do sistema de drenagem periareolar, quando necessário.
- Promover interação entre as mães.
QUANTO A CRIANÇA:
- Pesar o RN conforme a necessidade.
- Verificar a temperatura 1 vez por plantão, até a mãe estar apta a realizar a procedimento.
- Auxiliar a mãe, colocando a criança ao seio a cada duas horas e supervisionar a amamentação.
APÓS A ALTA:
O RN é acompanhado no ambulatório para consulta de enfermagem para o controle de ganho ponderal, esclarecimento das dúvidas e reforço das orientações, principalmente sobre o aleitamento materno.
A equipe de enfermagem é responsável pela promoção e manutenção do ambiente emocional adequado à criança hospitalizada, e por isso deve entender que a participação dos pais durante a internação é indispensável para apoiar emocionalmente o RN.
A experiência de integrar a mãe e o RN após
um longo período de internação é uma tarefa
que exige basicamente o envolvimento da enfermagem enquanto elemento fundamental
para sanar dúvidas, inquietações, medos da mãe
no contato com o RN prematuro.
VALE, I.N.; OLIVEIRA, L.B.; PRÁ LUZ, A.D. Alojamento conjunto tardio.
A autora desta página é bolsista de Iniciação Científica da FAPESP. Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Baena de Moraes Lopes